A clúsia é uma espécie de fácil cultivo, resistente e que embeleza o jardim imprimindo uma atmosfera tropical ao ambiente
Uma planta de verde intenso e folhas brilhantes, vistosa e convidativa a abelhas e pássaros. Resistente, versátil, pode ser usada em ambientes externos e internos e demanda pouca manutenção. A clúsia reúne qualidades vantajosas a quem não tem tanto tempo para cuidar de uma planta, mas antes de decidir é importante conhecer suas características.
O gênero herdou o nome de Charles de L’Écluse ou Carolus Clusius, o botânico francês considerado um dos fundadores da horticultura e pioneiro na iniciação da criação de tulipas na Holanda no século XVI. O gênero Clusia pertence à família Clusiaceae.
A Clusia fluminensis, do latim flumen que significa rio, é uma planta da restinga, que se forma na planície da costa brasileira e junto aos estuários de rios. A restinga é parte do Bioma Mata Atlântica e a espécie ocorre entre o sudeste brasileiro e a Bahia. É uma angiosperma conhecida por Manga-da-praia, Mangue-bravo ou Abano.
Os padrões que classificam os estratos vegetais, por vezes não são tão evidentes, e uma árvore como a manga-da-praia apesar do potencial para alcançar porte entre quatro e nove metros, pode ser cultivada como um arbusto. A frequência da adubação tem efeitos sobre a intensidade do seu desenvolvimento.
A clúsia, árvore que pode alcançar nove metros de altura. Imagem: depositphotos
É perenifólia, mantém suas folhas o ano todo, e floresce de novembro a fevereiro. Suas folhas de verde intenso, apresentam diferença de tonalidade entre o lado superior e o inferior e estão arranjadas em disposição oposta. As folhas são obovadas (têm forma de ovo), com rebordo exterior mais largo que a base em forma de cunha, e margem inteira. São espessas, coriáceas (semelhante ao couro) e brilhantes. A clúsia se assemelha a uma planta suculenta conhecida pelo nome Jade, a Crassula ovata.
A Clusia fluminensis, é uma árvore de tronco curto, tortuoso e canelado, revestido por casca acinzentada e seus ramos novos são glabros (sem pelos). É muito ramificada e conforme cresce, desenvolve raízes aéreas nos ramos. Apresenta razoável resistência a força do vento.
Trata-se de uma planta ornamental que por suas características está indicada para áreas externas, proporcionando uma agradável sombra e um ar tropical aos jardins. Está indicada para reflorestamentos mistos no litoral, por favorecer o surgimento de outras plantas.
É uma espécie dioica, o que significa que existem plantas do sexo feminino e outras do sexo masculino. É uma árvore pouco exigente, facilmente cultivável, que não requer regas frequentes. Desenvolve-se sob sol intenso ou meia sombra, em solo úmido e arenoso, a partir de sementes, estaquia ou alporquia. A alporquia é a técnica de produção de mudas através da remoção de uma faixa de casca em um galho. Provoca o bloqueio de nutrientes e resulta no desenvolvimento de raízes na região. A partir disso, é possível cortar o galho e plantá-lo. A estaquia é o plantio a partir de ramos obtidos de planta adulta. A adubação pode ser realizada semestralmente, adicionando composto orgânico à terra.
Apesar de adaptada a ambientes úmidos, o encharcamento da areia deve ser evitado para impedir o desenvolvimento de fungos. É suscetível a baixas temperaturas assim, em regiões de clima frio, é aconselhável cultivá-la em ambientes internos. Para quem deseja ter uma árvore em sua sala, o ideal é posicionar a clúsia próximo a janela, para favorecer a iluminação difusa. O amarelecimento de suas folhas é um indício de excessiva umidade ou escassez de iluminação.
Na espécie dioica cada indivíduo apresenta flores unissexuais masculinas ou femininas. Sua inflorescência é cimosa, o que significa que cada eixo termina em uma flor, formando agrupamentos com duas a seis flores brancas, e carpelos (aparelho reprodutor feminino) ou estames (aparelho reprodutor masculino) com coloração alaranjada. A floração acontece entre primavera e verão, principalmente de novembro a fevereiro; é uma planta polinizada por abelhas, sendo necessário ter os dois indivíduos para haver frutos.
Clusia variegata. Imagem: Yesofcorsa
Os pássaros são atraídos pelos frutos elipsoides, tipo cápsula, de coloração verde clara e aproximadamente 5 a 8 centímetros, que amadurecem ao final do verão e espontaneamente se rompem expondo suas sementes, o que facilita a propagação pelas aves.
Em paisagismo, pode ser distribuída em renques e formar cercas-vivas e sebes. Pertence ao estrato arbóreo, mas através de podas regulares, considerando seu volume e verde intenso, pode compor cercas vivas e muros vistosos. Para condomínios onde não é permitida a construção de muros entre os lotes, a cerca viva é uma opção que delimita as áreas, estabelece uma barreira visual que garante privacidade, contribui com o conforto acústico e promove uma vista agradável.
A clúsia também valoriza o jardim quando distribuída esparsamente pela área ou através de composições com outras espécies. Um aspecto importante a considerar é a agressividade de suas raízes. Ela deve ser plantada longe de tubulações pelo risco de danificá-las.
Cerca-viva de clúsias. Imagem: Yesofcorsa
Pode ser utilizada em espaços internos, cultivada em vasos, que deverão ter tamanho adequado ao seu desenvolvimento, já que tem sistema radicular superficial. Para manter plantas em interiores, é importante considerar as necessidades da espécie. Para a Clusia fluminensis, a permeabilidade dos vasos de cerâmica é desejável, porque favorece a drenagem do solo. Como composição de terra, é indicada a proporção de duas partes de terra e uma parte de composto orgânico ou húmus. Para terras muito argilosas, se recomenda adicionar uma proporção de areia.
A poda de manutenção visa a remoção de folhas e ramos amarelados e secos; enquanto a topiaria compreende a poda de configuração. Para dar a forma desejada é necessário moldar os brotos.
É uma planta resistente, mas é laticífera, o que a torna uma vegetação tóxica. Aparentemente, o látex atua na defesa da planta concedendo resistência aos patógenos. A composição tóxica implica em cuidados, é necessário proteger-se durante o manuseio pelo potencial risco à saúde. Esse aspecto desfavorável resulta em contraindicação para espaços onde conviveria com crianças e animais domésticos.
Ocasionalmente, a planta pode sofrer com a infestação de pulgões ou nematoides. Uma alternativa orgânica e segura que ajuda no controle da infestação por insetos é o óleo de Neem, obtido da prensagem das sementes de Azadirachta indica, que apesar da presença de bioativos com ação inseticida, é inofensivo ao ser humano e animais domésticos, não é bioacumulável, não contamina o meio ambiente e atua impedindo a reprodução e o desenvolvimento de pulgões, colchonilhas, moscas de fruta, entre outros.
Entre as variedades da Clusia fluminensis, estão a variegata que apresenta manchas claras, em geral em torno da borda das folhas em maior ou menor extensão. E a pedra azul, que apresenta folhas menores que a clúsia tradicional, e por isso é conhecida como mini clúsia ou clúsia anã. Entre as muitas espécies de clúsias, estão a Clusia lanceolata, a Clusia hilariana, a Clusia nemorosa e a Clusia rosea.
A espécie Clusia rosea. Imagem: depositphotos
Para o Feng Shui, a clúsia tem energia Yin, feminina, e está associada ao desenvolvimento de atributos como o altruísmo, o entendimento, a compreensão e a premonição. Suas flores, de acordo com a filosofia oriental, tem a capacidade de filtrar as energias, promovendo a harmonia no interior do lar.
À clúsia, quando cultivada na forma de bonsai, é atribuída a capacidade de atrair energia vital. Essa forma de cultivo requer a limitação de seu desenvolvimento radicular em uma técnica que prevê a remoção dos brotos das raízes. O aspecto e a direção do crescimento são obtidos através de uma jarreteira, fixando um arame ou fio ao ápice do bonsai e envolvendo o tronco e os ramos. A estrutura deve permanecer durante cerca de dois meses. E a topiaria é realizada de modo a modelar a copa, através do corte dos ramos.
Bonsai de clúsia. Imagem: depositphotos
As plantas contribuem com beleza, trazem vida aos ambientes, cor, energia e promovem o bem-estar físico e emocional. Agora que você conhece a clúsia, conheça mais sobre o fícus e o resedá e confira importantes detalhes para um belo jardim.
Imagens: DEPOSITPHOTOS e YESOFCORSA
Donozen. Clúsia: esta planta certamente realçará a beleza natural da sua casa. Acesso em: maio de 2022
Casa e Construção. Clúsia, dicas e imagens para conhecer mais sobre a planta. Acesso em: maio de 2022
Flores e folhagens. Clusia fluminensis. Acesso em: maio de 2022
Mundoecologia. História da flor clúsia, origem da planta e significado. Acesso em: maio de 2022
Nô Figueiredo. Clúsia fácil de cultivar. Acesso em: maio de 2022
Jardineiro. Clusia fluminensis. Acesso em: maio de 2022
Youtube - Vida no jardim. Clúsia. Acesso em: maio de 2022
Ophicina Agricola. Produtos defensivos, Óleo de Neem. Acesso em: maio de 2022
Escola de botânica. Charles de L’Écluse. Acesso em: maio de 2022
LORENZI, H. Árvores brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 1 ed. São Paulo: Instituto Platarum, 2009. v. 03. p. 87.