A topiaria tem origem no latim topiarius, que se refere a jardinagem ornamental e no grego topia, que significa lugar. É a arte de aparar, cortar e condicionar o crescimento de arbustos e árvores, criar esculturas vivas e tornar os jardins mais encantadores.
Os jardins são desenvolvidos há muito tempo retratando a generosidade da natureza, como um universo preservado de inconstâncias e adversidades. Enquanto arte, a topiaria permite expressar o que se aprecia culturalmente e por sua vez, exerce influência intelectual, inspirando outras manifestações.
O laranjal de Versalhes abriga 1080 delicadas árvores em caixas. Imagem: Pixabay
Referências históricas
Em sua versão clássica, a topiaria está presente em magníficos jardins que integram propriedades não menos admiráveis, pertencentes a nobreza e ao clero. A técnica foi amplamente desenvolvida durante o Renascimento italiano e alcançou seu apogeu com os jardins franceses.
Caracterizados por sua magnitude, dois importantes jardins, o do Palácio de Versalhes e o do Château de Vaux-le-Vicomte, obras de André Le Nôtre, primam pela simetria, proporcionalidade e o controle da natureza. Os grandiosos jardins, são compostos por muitos percursos elegantemente desenvolvidos para os eventos sociais e o divertimento da elite. Com o surgimento do Romantismo, em resposta a ordem e regularidade do Neoclassicismo, os jardins que seguiam a linha racional se transformaram, abandonando a rigidez das linhas geométricas e deixando de lado a técnica da topiaria por paisagens mais naturais.
O Château de Vaux-le-Vicomte o mais belo jardim de Ile de France. Imagem: Pixabay
A topiaria requer o planejamento minucioso de podas para transformar uma árvore ou arbusto na forma pretendida, algo que pode custar anos de procedimentos até alcançar o resultado desejado. A dificuldade da modelagem avança na ordem esferas, pirâmides e figuras de animais. Os aspirantes a topiários, jardineiros, devem iniciar pelas formas mais simples.
Orientações
Iluminação
É essencial a exposição da planta em sua totalidade à iluminação solar. A formação de áreas côncavas e aprofundadas na modelagem deve ser evitada, porque o sombreamento tem como consequência a formação de cavidades na planta. A condução das formas pode ser auxiliada por fios metálicos.
As topiarias dos Jardins de Ladew, Ladew Topiary Gardens. Imagem: Pixabay
Podas de formação
O sucesso da prática depende da atenção a alguns aspectos, o primeiro é a modelagem. Como o corte estimula a ramificação e contribui para a definição de uma estrutura densa e consistente, é melhor iniciar as podas enquanto a planta ainda é jovem. A realização das podas de formação, deve acontecer ao final do inverno e início do verão e evitada durante os períodos de crescimento, primavera e outono, bem como durante a temporada de emissão de botões florais. Em espécies floríferas, o corte deve ser realizado assim que termina a floração.
Podas de limpeza
Os ramos doentes e malformados podem ser removidos em qualquer momento através de podas de limpeza. As tesouras são as ferramentas mais indicadas, é importante mantê-las limpas, esse cuidado evita a transmissão de doenças entre as plantas.
Topiário moldando as plantas. Imagem: Pixabay.
Plantas indicadas
Muitas plantas arbóreas e arbustivas servem a topiaria. É interessante que sejam perenes (não percam suas folhas), tenham estrutura compacta, folhas pequenas e que se desenvolvam a pleno sol. Alguns exemplos são: o Buxinho, Buxus sempervirens, o Ligustro, Ligustrum sinensis, o Azevinho, Ilex aquifolium, a Azaleia, Rhododendron simsii e a Murta, Myrtus communis.
Instruções para a criação de uma topiaria em espiral
Selecionar uma planta cônica como o buxinho ou o cipreste, amarrar um cordão em seu topo e contorná-la superficialmente em toda a sua extensão até a extremidade oposta, formando uma espiral. Para uma planta de aproximadamente 90 cm deverão ser formados 6 ou 7 gomos. A partir disso é iniciado o corte gradual da planta seguindo o cordão e formando sulcos ao seu redor. Com a forma bruta esculpida, é possível remover o cordão e prosseguir com os refinamentos até obter uma escultura com curvas bem desenhadas.
Como expressão artística, o paisagismo revisita o passado e adapta antigas práticas a uma nova proposta para o contexto atual. O retorno da topiaria aos jardins contemporâneos e minimalistas acontece em formas geométricas e integradas à vegetação natural, criando contrastes interessantes.
Topiaria em espiral. Imagem: Depositphotos.
Técnica Stuffed
A técnica Stuffed é uma adaptação que produz resultado mais rápido. Foi desenvolvida nos Estados Unidos durante a década de 60 e permite criar formas através do uso de suportes que seriam impossíveis pela topiaria clássica.
As personagens da Disney distribuídas pelos parques são desenvolvidas com a técnica Stuffed. Tudo inicia com criação de maquetes para estudar as proporções das personagens e reproduzir suas características com máxima exatidão. Estruturas em tela metálica do tamanho idealizado para a escultura são soldadas e preenchidas com musgo. Os torrões com as mudas de plantas são adicionados à estrutura e as plantas são estabilizadas por grampos de cabelo, garantindo seu posicionamento para baixo. O inevitável sorriso é a validação do resultado ambicionado.
Nos parques Disney, topiarias retratam queridas personagens. Imagem: Pixabay.
Dicas
Devem ser selecionados para a base física, materiais duráveis e resistentes, para suportar o revestimento por diversos tipos de plantas. Quando a técnica Stuffed é praticada em estruturas de grandes dimensões e especialmente quando o projeto envolve herbáceas, deverá ser previsto um sistema de
irrigação interna. O musgo esfagno umedecido é bastante usado como substrato e mantido em posição sobre a estrutura de modo a oferecer suporte ao crescimento de gramíneas (herbáceas), trepadeiras como
Heras e a Unha-de-gato e forrações diversas, proporcionando a obtenção de grande variedade de cores e texturas.
Hera inglesa. Imagem: Pixabay
Plantas indicadas para a técnica Stuffed
A Hera comum ou Hera inglesa, Hedera Helix, é uma planta ornamental utilizada para revestir muros e paredes e frequentemente empregada na técnica Stuffed por sua versatilidade. É uma trepadeira sarmentosa, que se fixa aos suportes através de gavinhas. Tem brilhantes folhas verde escuras e flores de cor verde amarelada sem importância ornamental. Propaga-se por estaquia e como desenvolve raízes adventícias, essas se prendem ao suporte e garantem o seu crescimento. Deve ser cultivada sob sol pleno ou meia sombra e regas regulares. Aprecia umidade e frio subtropical e tolera a poluição urbana. Contém saponinas e seu consumo deve ser evitado porque produz efeitos tóxicos.
Unha de Gato. Imagem: Pixabay
A Unha de Gato, Ficus pumila, nativa da China, Japão e Austrália, é uma trepadeira sarmentosa que se torna muito invasora com a idade, devendo ser controlada com podas frequentes. É bastante ramificada, retém umidade e pode danificar chapiscos e rebocos com sua forte fixação. As raízes emitidas pelo caule, aderem fortemente ao suporte. Possui pequenas folhas em forma de coração que aumentam de tamanho conforme a planta amadurece. Propaga-se por estaquia, sob pleno sol ou meia sombra e regas moderadas. É tolerante ao frio.
Como criar uma topiaria com Hera
Material necessário
Trata-se de algo simples, serão utilizados apenas um vasinho de Hera e um cabide de metal.
Instruções
O cabide deve ser encurvado na tentativa de obter uma forma circular e sua parte superior em forma de gancho deve ser corrigida e tornada reta. Não é necessário conseguir um círculo perfeito, porque a plantinha cobrirá as eventuais imperfeições. A parte reta do cabide deve ser encaixada no centro do vaso contendo a Hera e o manejo da planta é realizado conduzindo cada ramo a envolver a estrutura circular. O procedimento deve ser repetido até que todos os ramos estejam entrelaçados e a topiaria estará pronta!
Manutenção
A manutenção é muito simples, para conservar a forma, basta continuar envolvendo os brotos e prendendo as gavinhas. Os ramos compridos devem ser adicionados e envolvidos para preencher lacunas. A exposição solar indireta produzirá resultados melhores quando as plantas são cultivadas em ambientes internos. E o solo deve ser sempre verificado para não ficar muito seco, nem receber excesso de água.
Fontes consultadas e imagens